O sonho de ser astronauta foi uma das motivações para que Juliano Carvalho Sansão começasse a explorar o mundo e trabalhar com tecnologias desafiadoras. “O universo e a oportunidade de aplicar conceitos de matemática e física em máquinas que desafiam nossa criatividade é algo surreal para a maioria das pessoas. Isso abre portas para o aprendizado contínuo, não só na parte técnica, mas também em culturas e doutrinas ao redor do mundo”, afirma o engenheiro.

Formado em Matemática e Computação pela Universidade Regional de Blumenau, Engenharia Elétrica pela Universidade do Vale do Paraíba, e com mestrado em Matemática e Engenharia Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Juliano se dedicou durante sua formação ao desenvolvimento de sistemas complexos. Foi um dos pioneiros da inteligência artificial no Brasil, ganhando dois prêmios na FENASOFT por seus sistemas de detecção de falhas, utilizando sistemas especialistas e reconhecimento de imagens com redes neurais. E tudo isso em uma época em que era necessário construir sua própria câmera e computador, operando sob o sistema operacional DOS com um processamento que não ultrapassava 100 MHz.

Crescimento profissional

Logo após se formar em 1999 pela Universidade Regional de Blumenau, Juliano ganhou o prêmio SUCESU, de melhor aluno de exatas de Santa Catarina, e foi imediatamente aceito para o mestrado no INPE e ITA. “Ao conhecer os institutos, me apaixonei pelo LIT – Laboratório de Integração e Testes de Satélites do INPE, e optei por seguir o mestrado na instituição, sendo admitido em quarto lugar e terminando como o melhor aluno da turma.”

Sua primeira grande oportunidade profissional foi na EMBRAER, onde Juliano integrou a equipe de especialistas no desenvolvimento de sistemas embarcados. Ele foi indicado para trabalhar nas plataformas A-29 e F5-BR em Israel, na ELBIT, por 2,5 anos, adquirindo conhecimento para a transferência de tecnologia ao Brasil. Este foi seu primeiro contato com a aviação militar. Na EMBRAER, Juliano também participou do Programa Estrelas e do Programa de Especialização em Aeronáutica, que visava treinar e especializar os novos líderes do setor aeronáutico. Durante 7 anos, ele trabalhou em projetos de rigs, sistemas embarcados para aeronaves militares, aeronaves de missão especial e simuladores em países como Brasil, Israel, México, Estados Unidos e Colômbia.

A experiência na EMBRAER, que proporcionou um desenvolvimento tanto técnico quanto estratégico, abriu um leque de oportunidades. “Destemido como sou, agarrei a oportunidade de trabalhar como gerente de sistemas aviônicos na MECTRON, hoje EDGE, uma empresa visionária que possuía um forte time de engenharia e valorizava o desenvolvimento local de sistemas de altíssima tecnologia na área de mísseis, satélites, comunicação e radares.”

Juliano afirma que a EMBRAER foi uma verdadeira escola e representa a excelência em engenharia aeronáutica, mas que ele precisava de novos desafios. “A MECTRON me acolheu e iniciei minha segunda escola, trabalhando no desenvolvimento de sistemas de satélites, mísseis e caças militares. Esse salto foi primordial na minha vida, pude ousar em termos de engenharia e explorar a pluralidade que só o desenvolvimento multidisciplinar proporciona.”

Foi nessa época que Juliano se arriscou na área gastronômica, levando para o interior de São Paulo cinco restaurantes da SUBWAY. No entanto, a paixão pela aviação falou mais alto e, junto com um amigo, ele fundou a AEROBRAS. “Atuávamos na área de manutenção, modernização de aeronaves militares, fabricação de subconjuntos, simuladores e usinagem de peças, desenvolvendo projetos como a modernização da aeronave A-4 SKYHAWK, desenvolvimento de kit para simulador FTD da aeronave A-29, modernização da aeronave T-27 na Mauritânia, atualização do simulador A-29 na Colômbia, usinagem de peças para aeronaves EMB-145, EMB-120 e EMB-110, desenvolvimento de simuladores, entre outros.”

Após um período como empresário, Juliano voltou à EMBRAER, desta vez como responsável pelo Desenvolvimento Integrado de Produto (DIP) no projeto A-4 SKYHAWK. Em seguida, retomou o trabalho com pesquisas e ingressou no CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, onde trabalhou com pesquisas na área de veículos elétricos.

Espírito inquieto

Juliano sempre foi um vencedor, mas sempre buscou algo mais, e encontrou quando, junto com um grande amigo, Paulo Vitor, fundou a ALBATROSS, que também contou com a colaboração de João Paulo Silva Nogueira como responsável técnico. “Orgulho-me de como começamos, dos desafios que enfrentamos juntos. É gratificante saber que encontrei minha paz interior. Obviamente, é desafiador, e isso me fascina. Cada dificuldade que enfrentamos com nosso conhecimento, alavancando o nome e o potencial do nosso país, me incentiva a tentar mais.”

Eles começaram na mesa de casa, sem recursos, mas com paixão pela aviação, o que, segundo Juliano, garantiu que a empresa alcançasse fronteiras raramente exploradas por uma empresa brasileira. “Nosso primeiro projeto, a aeronave R99, não foi fácil. Era um projeto de milhões de dólares entregue a uma empresa que sequer tinha uma sede; éramos apenas dois engenheiros em uma sala de 20 metros quadrados no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Mesmo assim, a FAB nos desafiou, entregando-nos a aeronave por seis meses, sem contrato, sem despesas pagas, sem qualquer suporte. Encaramos o desafio e, em seis meses, colocamos o R99, que estava parado há cinco anos, totalmente operacional, e finalmente fomos agraciados com o contrato da FAB, que só foi assinado seis meses depois.”

Em pouco tempo, a empresa atingiu sucesso em todos os projetos, sendo a ALBATROSS detentora da medalha Santos Dumont e membro honorário dos esquadrões Guardião e Carcará.

Chegada à Helisul

Foi com essa história de empreendedorismo e garra que Juliano chegou à Helisul. Hoje, a ALBATROSS, agora HELISUL ENGENHARIA, passa a fazer parte da história de mais de 50 anos da empresa. Segundo Juliano, a união do profissionalismo, pensamento estratégico, sagacidade e capacidades da HELISUL AVIAÇÃO com a força inventiva da ALBATROSS coloca a empresa em um ponto de inflexão, com grandes chances de se tornar um grupo de destaque mundial em tecnologia embarcada e aeronaves de missão especial. “Já estamos fazendo história, mudando doutrinas, influenciando decisões e alterando a filosofia com a qual as forças de segurança e militares operam, servindo de exemplo para outros países e forças. Hoje, o nome ALBATROSS dará lugar à HELISUL ENGENHARIA, mostrando nosso comprometimento e vestindo 52 anos de sucesso na América Latina. Em contrapartida, a HELISUL agora se torna uma referência na área de segurança pública e forças militares.”

O resultado dessa trajetória de 25 anos na aviação foi a atuação direta em programas em diversos países, como Estados Unidos, Israel, Paquistão, Egito, Alemanha, Mauritânia, França, Equador, Peru, Argentina, China, Emirados Árabes e Colômbia. Juliano acumulou experiências nas principais plataformas consagradas do mercado, incluindo Mirage III, Mirage V, Skyhawk A-4, F-5BR, T-27 (EMB-312), ALX (A-29), C-95, P-95, R-95, BeechCraft, C-98, R-99B (SIVAM), JF-17, MI-17, B-250 BADER, carro de combate GLADIADOR II, satélites CBERS e PMM, mísseis MAR-1 e MSS, bombas guiadas e, já como HELISUL, nas aeronaves AS-350 B2 e B3, R66 e EC-145.

Juliano agradece a Humberto Biesuz, Pedro Biesuz e Bruno Biesuz, que vislumbraram essa união e o novo mercado. “A família HELISUL, com seu legado, sua experiência e garra, nos dá forças para os novos desafios. São motivos de orgulho e nos motivaram a entrar com muita energia para contribuir para o crescimento global do grupo. Os ensinamentos e marcas de Eloy Biesuz e Celso Biesuz, gigantes do Brasil, estão presentes, e suas tradições serão mantidas. Hoje entendemos que esse conceito de família é um dos maiores responsáveis pelo sucesso da HELISUL, e nos orgulhamos de honrar tal dogma.”

E por falar em família…

Toda essa trajetória de sucesso só foi possível, segundo Juliano, graças ao apoio que recebe da família. Primeiro de seus pais e agora de sua própria família. Casado com Andreia Silva de Andrades, ele tem uma filha de 12 anos, Valentina Andrades Correa, e ainda conta com a alegria e fidelidade dos cachorrinhos Théo e Maria. “O incentivo e aprendizado que recebi do meu pai e da minha mãe perduram até hoje. Além disso, minha esposa, Andreia, me apoia todos os dias, e nossa filha se encanta e, ao mesmo tempo, nos encanta com sonhos de um futuro lindo, onde a revolução que vemos hoje amadurecerá e se tornará popular. Minha filha e minha esposa são as verdadeiras guerreiras. Foram elas que tiveram a coragem de apostar nessa indústria tanto ou mais do que eu. Confiaram e participaram de cada momento, de cada decisão, inclusive da nossa vinda para Curitiba e da construção da HELISUL ENGENHARIA, que, aliada à HELISUL AVIAÇÃO, contribuiu significativamente para a nova sede da empresa, que convido todos a visitar.”