Ele “comprou” um avião e ainda realizou um sonho na carreira
O líder de manutenção da Helisul e amante de aquarismo Carlos Martins completa três anos de empresa em fevereiro de 2024
Muitas pessoas trabalham por anos, décadas, e chegam a se aposentar sem nunca conseguir conquistar a realização profissional. O líder de manutenção da Helisul, Carlos Martins, completa três anos de empresa neste mês de fevereiro e, há poucas semanas, ganhou um presentão. Foi a sua realização profissional e um momento da carreira que ficará marcado para sempre.
Antes, porém, vale voltar um pouco no tempo e recordar que Martins foi contratado como técnico em aviônicos, para trabalhar com as duas aeronaves de asa fixa da frota da Helisul. Depois de um ano e meio, veio o grande desafio. Ele passou pelo processo de homologação do hangar do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região de Curitiba, para manutenção de aeronaves de terceiros.
Foi mais um ano de muito esforço, até que, no final de 2022 saiu a liberação do hangar e Martins passou a atuar no Afonso Pena. Ele, que se destacou na área de inspetoria e supervisão, assume agora a responsabilidade de trabalhar como líder de manutenção. Nesta trajetória, ele não imaginava o que estava por vir. E hoje celebra.
“Quando cheguei na Helisul, a empresa tinha dois aviões e comprou o terceiro agora em novembro. E me chamaram. Fiz a pré-compra nos Estados Unidos, avaliei e fiz translado. Era um sonho e realizei”, recorda.
O líder de manutenção conta que foram 40 dias na companhia do comandante William nesta jornada. Também participaram da missão os comandantes Paulo e Theo, que ficaram por menos tempo.
“Foi uma viagem muito boa. Foram 40 dias (eu e William), virou uma família, um irmão, criou-se uma amizade”, revela. O grande momento, segundo ele, foi “levar” o avião para casa. “Aquelas vistas, passar por cima daquelas ilhas maravilhosas. Conheci tudo por cima. Foi uma realização profissional”, comemora.
De Itatiba para Curitiba
Carlos Martins é natural de Caraguatatuba, no interior de São Paulo, e viveu por muitos anos em Itatiba até mudar-se para Curitiba, em plena pandemia, com a esposa, Flávia, e a filha Mariana, na época com 5 anos de idade. Maluquice, diziam a ele. “Acharam loucura da minha parte. E se não se adaptasse? Mas viria somente se viesse todo mundo junto”. E deu tudo certo. Exceto pelo frio, “um pouco chato”, segundo Martins, a família está feliz na capital paranaense.
Na terra natal, ficou a família toda e as saudades dos pais José Augusto e Neide e dos quatro irmãos. O pai foi caminhoneiro a vida toda e a mãe trabalhava na casa de uma família da cidade. Enquanto isso, Martins, aos 12 anos, já trabalhava. Começou como patrulheiro mirim, como eram chamados os guardas-mirins na cidade.
Ele trabalhava em um posto de gasolina, fazendo serviço de banco. “Andava com cheque e dinheiro dentro do malote. A chefe me levava até a porta do banco e esperava eu entrar. Eu entregava e voltava a pé fazendo cobrança no comércio. Muita gente abastecia fiado e eu passava deixando as notinhas. Às vezes comprava coisas na cidade, ajudava no escritório e no posto. Mas não alcançava nem o balcão do posto. Tinha que subir no banquinho”, relembra ele. No dia do aniversário de 16 anos, Martins foi registrado.
Segundo o líder de manutenção, o ingresso na área da aviação aconteceu pouco depois e foi “algo estranho”. Nem ele sabe explicar. “Não era um sonho. Nem sabia que isso existia”, diz. Martins decidiu fazer cursos técnicos de manutenção e começou a trabalhar na indústria, com elétrica e mecânica. Foi então que, durante uma viagem a trabalho, a aviação entrou na sua vida.
“Um dia, numa empresa que trabalhava, fui fazer um atendimento em Brasília. Estava no avião e ele quebrou. Fiquei quase uma hora embarcado, muito calor dentro do avião e de repente pedem para descer todo mundo”, relata. Era um problema técnico. Toda aquela situação gerou curiosidade em Martins, que já atuava havia dez anos com manutenção.
“Fui atrás de uma amiga comissária para perguntar o que acontece nestas situações. Como faz, quem arruma. E ela me contou. Perguntei o que precisava fazer para ser técnico na aviação e ela me indicou uma escola em Campinas”. Martins se matriculou em um curso de manutenção aeronáutica com ajuda financeira da família e conquistou estágio em uma empresa de aviação executiva.
Nesta empresa, Martins trabalhou por nove anos, na área de manutenção de terceiro. Até que surgiu a oportunidade de trabalhar na Helisul, em Curitiba, e Martins ficou encantado com a ideia. “Me interessei pela homologação, taxi aéreo, serviços especializados. Algo novo, que nunca havia experimentado”.
Aquarismo como hobby
Quando mudou para Curitiba, Martins não abriu mão de levar junto a família de peixes de seu aquário que, segundo ele, “não é maior por falta de espaço”. O recipiente tem 1 metro e 60 centímetros de comprimento, 60 centímetros de altura e capacidade para 500 litros de água. Foi ele mesmo que construiu do zero. Dentro, habitam peixes jumbo, oscar, aruanã, faca e papagaio, além de plantas.
“Gosto bastante da biologia. Acho muito interessante ter um pedaço de rio, de mar em um espaço pequeno”, conta. Martins cria peixes em aquário desde os 14 anos. Hoje, o peixe mais velho tem seis anos e o caçula dois anos e meio.
O sonho de Martins é ter um aquário de dois metros e meio para criar uma espécie chamada arraia motoro. É um peixe preto com bolas brancas. “Falo que é Corinthians, para provocar a minha esposa. Estou mudando para uma casa e tenho esse plano”. Para Martins, já está tudo certo, só falta convencer Flávia a concordar.